Goiás é um dos estados com maior índice de veneno nos alimentos. Cenoura lidera contaminação
Vinicius Jorge Sassine
É como uma loteria: de cada dez unidades de cenoura que o consumidor goiano escolher num supermercado, vai levar para casa sete unidades com excesso de resíduos de agrotóxicos, um evidente risco à saúde. Com a laranja e o tomate, os resultados da loteria podem ser um pouco melhores, mas preocupantes. Três laranjas e três tomates, de um grupo de dez unidades de cada estarão excessivamente contaminados. Há quatro anos, a cenoura, a laranja e o tomate estavam muito mais palatáveis em Goiás.
Em 2008, verduras e frutas estavam mais contaminadas do que em anos anteriores, exceção feita ao morango (o índice caiu de 80% para 28,6%). Além disso, os índices de produtos com contaminação acima do que permite a lei colocam Goiás no grupo dos Estados onde mais resíduos são encontrados nos alimentos. A cenoura goiana, com base nos dados de 2008, é a mais contaminada do País. A laranja, o mamão, o pimentão e o tomate vendidos para os goianos estão em segundo lugar nacional em níveis de contaminação.
Os resultados das pesquisas feitas pela Superintendência de Vigilância Sanitária e Ambiental (Svisa) em Goiás – responsável pelo programa da Anvisa em nível estadual – não poderiam ser outros. O POPULAR mostrou ontem que o consumo de agrotóxicos nas lavouras goianas aumentou 42% nos últimos quatro anos, o que fez Goiás saltar da sexta para a quinta posição dentre os Estados que mais consomem defensivos agrícolas. São quase 56 mil toneladas de produtos – principalmente herbicidas, fungicidas e inseticidas – despejados no ambiente em um único ano. As consequências são desastrosas, com impactos comprovados para a saúde de trabalhadores rurais e de consumidores dos produtos finais.
Ao analisar o alimento vendido ao consumidor, para que seja liberado, a Anvisa calcula dois indicadores: o limite máximo de resíduos (LMR) e a ingestão diária aceitável (IDA), que mostram a quantidade tolerável de resíduos nos produtos agrícolas. As partículas detectadas no Para estão fora dos limites dos dois indicadores e representam um risco real à saúde. “Existe uma segurança muito boa para a população, mas são detectadas irregularidades. O produtor está usando errado as dosagens e submetendo a população a um risco”, afirma o gerente de Avaliação de Riscos Toxicológicos da Anvisa, Ricardo Velloso.
Fonte: O Popular, 24 de agosto de 2009
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